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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Julião Arnaldo indignado, manda futseke para vodacom

É desde 2017 que tem sido notório a reclamação dos clientes da Vodacom nas Redes Sociais, relativamente aos megas (Acabam Rápido).

Muitos internautas que são clientes da operadora acima mencionada, tem vindo a reclamar sobre os dados moveis da operadora. Os mesmo acreditam que a operadora tem estado a manipular os megas para acabarem a velocidade da luz.

Nos últimos anos muitos Fóruns Onlines e algumas Redes Sociais tem debatido sobre o assunto e nesta segunda-feira o comentador do programa "Resenha Semanal" da TV Miramar, indignado com a roubalheira da vodacom decide desabafar através da maior rede social do mundo (Facebook).



"A VODACOM MOÇAMBIQUE É MBAVA

Vodacom Moçambique, Sa., é grande mbava. Como é possível “gastar” mais de 5 GB, em menos de 24 horas?!

O estranho nisso tudo, é que, passei quase todo dia em casa a usar Wi-Fi, foram raras as vezes tive que recorrer a dados móveis.

Não venham me acusar de ter aplicações abertas, cuja actualização é automática, pois, o meu telemóvel está programado para que as actualizações sejam feitas apenas com Wi-Fi ligado.

Futsekane, todo Conselho de Administração da Vodacom. Para a maioria dos moçambicanos, vocês são uns SALIMO’S da vida!

PS: As 13 h 40’ de ontem, converti a recarga de 500,00 Mts em dados. E quando eram 21 horas, recebi da operadora uma notificação que informava-me que, os dados para internet já haviam acabado. Não acreditei. Estes senhores não são sérios, são grandes gatunos." Escreveu Arnaldo Julião.

Orgulho Moz ©️ 2020

terça-feira, 7 de julho de 2020

Noa defende que não se pode negociar “saúde dos estudantes nem fazer experiências”



O reitor da Universidade Lúrio (UniLúrio) defende que a retoma às aulas presenciais seja cautelosa. Para o Professor Doutor Francisco Noa, em entrevista ao programa “Noite Informativa da Stv Notícias, “a saúde e a integridade física dos estudantes é uma coisa que não podemos negociar, nem podemos andar a fazer experiências” com as crianças. Noa entende ainda que, neste momento, olhando para o país como um todo, não há condições para o regresso às aulas.  

 

O ensino deve ou não retomar as aulas, considerando a evolução da COVID-19 em Moçambique? 

Eu penso que esta não é uma resposta linear. É mais fácil fazer a pergunta do que responder, porque nós estamos todos, globalmente, perante um fenómeno completamente novo. Apesar de alguns sinais do passado e avisos, todos nós fomos encontrados em contrapé. Governos, sociedades, as áreas económicas e mesmo a comunidade científica. E a grande discussão que tem estado a haver, além das preocupações que os governos têm, de facto, em lidar com a situação, é o reequilíbrio entre a preservação da saúde e a manutenção da economia em actividade.

Sociedades muito mais desenvolvidas do que a nossa, muito mais estáveis economicamente, têm tido uma enorme dificuldade em lidar com esta situação. Temos muitos exemplos, por exemplo, no caso da Europa em que os países têm numa espécie de vaivém, ora estão confinados e depois decidem que tem que desconfinar. E quando entram em processo de desconfinamento, imediatamente, surgem surtos de contaminação. Estou a falar de países muito mais avançados que o nosso, como a França, Inglaterra e Itália.

O que eu quero dizer é que essa é uma questão muito difícil para o nosso Governo, para os governos africanos, tendo em conta a fragilidade das nossas economias e, tendo em conta a fragilidade de todos os nossos sistemas de actividade, na área da saúde, da educação e da economia, em geral.

 Há, claramente, muitas fragilidades. E esse dilema torna-se dramático para sociedades como as nossas. Como nós temos reparado em todas as apresentações do Chefe de Estado, o grande embaraço em que ele se encontra para anunciar as medidas, e penso que o seu maior embaraço foi nesta última comunicação, em que começa a abrir a possibilidade de algumas janelas para reatarmos actividades, e umas das áreas mais sensíveis, obviamente, é a área de educação.

E o Chefe de Estado não disse que temos que abrir as aulas, deu digamos a possibilidade de, havendo condições haver uma retoma das aulas. Portanto, significa que não só o sistema educacional e os seus diferentes subsistemas e o ensino superior, mas a nível institucional é preciso que nós analisemos se há ou não condições para essa reabertura.

Todos nós, olhando para aquilo que é o nosso país, para as nossas condições e, depois, não podemos falar a nível das capitais, nesse caso estamos a falar de Maputo, Beira, Nampula, temos que falar do país no seu todo, tendo em conta as características das nossas escolas. Haverá condições para reabrir as aulas? Obviamente, neste momento não há. Claramente que é uma afirmação que eu a faço de forma categórica. Nós temos discutido muito isso no Conselho do Ensino Superior, é que muitas vezes estamos divididos.

Mas eu olhando para as crianças. Nós estamos a lidar com um extrato, um seguimento etário hiper-activo que é o das crianças e dos jovens que neste momento se encontram claramente em confinamento, o que significa que não estão confinados só fisicamente, estão confinados emocionalmente, psicologicamente e, obviamente, a retoma das aulas não é sala das aulas unicamente, são os espaços comuns, é a escola em si, que é um espaço de socialização. Não estou a ver, por mais que nós criemos condições na sala de aula, como afastamento de um metro, dois metros. Mas os intervalos? A trajetória do estudante para a escola?

Tudo isso porque estamos a falar de ecossistemas se usarmos uma palavra mais da área de biologia, onde há, de facto, muitas coisas envolvidas. Quando nós pensamos na retoma, nós não podemos só pensar na sala de aula, isso é um erro grave.

Temos que pensar em toda trajectória, desde que o estudante sai de casa e, sobretudo, essa vontade natural que ele vai ter de querer socializar com os amigos e colegas. Eu julgo, honestamente, que teremos que ser muito cautelosos. Tenho defendido que a existência das escolas, das universidades, de ministérios, de directores e reitores é possível porque existem estudantes.

A questão da saúde e da integridade física do estudante é uma coisa que nós não podemos negociar, nem podemos andar a fazer experiências, porque os impactos da COVID-19 não estão todos mensurados. Temos impactos sanitários, económicos, do ponto de vista psicológico, emocional, são muitos impactos. Não podemos fazer uma leitura muito redutora da escola, não podemos pensar que é só a sala de aula. É muito mais o que está envolvido.                          

    

Professor defende que não haja retoma nenhuma ou concorda com uma retoma faseada. Qual é o seu entendimento, é de que não voltarmos a todos os níveis ou é que podemos gradualmente retomarmos alguns subsistemas?

Esses subsistemas não estão isolados. Nós não podemos falar do ensino primário, secundário e superior como se fossem separados. Além do mais, todos eles fazem parte da sociedade e todos esses subsistemas estão ligados à sociedade.

Toda a perspectiva de que tem ser faseada, tem que ser muito bem analisada, porque caso haja um aumento do surto todos nós deveremos ser responsabilizados. Há uma pressão muito grande. Económica e social, mas eu penso que quando nós falamos de saúde, essa devia ser a prioridade.

Eu confesso que entendo muito bem a pressão em que o nosso Governo se encontra. Mas eu acho que é preciso que se coloque uma prioridade, E para mim, neste momento, a prioridade é saúde das pessoas, é a saúde das crianças. E qualquer decisão que for tomada por uma instituição ela tem pensar que não está isolar nem aquelas crianças, nem aqueles estudantes estão isolados. 

Se, de facto, as aulas não avançam em Julho ficam quatro meses sem aulas. Quais são as consequências desse intervalo longo ao nível do sistema da Educação e, no ensino superior, considerando que são pessoas mais velhas que podem facilmente acatar as medidas de prevenção?

Nós temos que colocar na balança é entre perder aulas e perder a saúde. O que que é mais importante? Só acho que nós temos é que considerar que este é um ano perdido, por mais que que isto custe aceitar. Porque disse muito bem no início, nós ainda não atingimos o pico das contaminações.

Só o ensino superior movimenta mais de 200 mil estudantes, mas vamos somar as famílias de cada um desses estudantes, os meios de transporte onde ele vai circular, os professores, os funcionários e nós podemos chegar a dois, ou três milhões só de pessoas que podem ser afectadas. Não necessariamente infectadas mas afectadas por causa de movimento desses estudantes.

Portanto, o que eu estou a defender é que se tivermos que considerar este ano perdido, por mais custoso que isso seja teremos que fazê-lo mas garantindo que as nossas crianças, os nossos estudantes numa situação mais estável e mais controlável podem voltar às aulas.

Nós ouvimos, várias vezes, o Ministério da Saúde a dizer que a prioridade é prevenção, porque o nosso sistema de saúde não tem condições para atender o internamento massivo, e é isso que pode vir a acontecer. Eu julgo que tem que haver muita prudência por parte de todos nós, antes de nos precipitarmos numa experiência que pode ter impactos incalculáveis na vida deste país.

Pode recordar-nos este acontecimento durante a revolução dos cravos em Portugal, esta que foi um dos factores de influência da independência em Moçambique. O que que aconteceu, exactamente, e tendo-se perdido o ano, não retornando as aulas como é que depois se faz o acerto de calendário considerando a forte pressão que existe, especialmente, para o ensino público?

Na altura, nós seguíamos o sistema europeu que se mantém até hoje, porque o ano lectivo, normalmente, está associado a estações [do ano]. No sistema europeu as aulas começam em Setembro e terminam em Maio e Junho, era assim que nós funcionávamos. Mas teve que se alterar isso. Hoje, as aulas iniciam em Fevereiro e muita gente perdeu o ano lectivo, assim que tivemos que fazer o reajuste. É verdade que o contexto é completamente diferente, mas uma coisa que não mudou, é a importância que a vida tem. 

Vamos pensar naqueles países onde houve guerras mundiais, civis, mas que praticamente paralisaram estes países, não um, não três anos… Mas reajustaram-se. Já imaginou o que que era o Japão em 1945? Hoje é um dos países mais desenvolvidos do mundo.

Nós temos que acreditar na capacidade dos seres humanos de se reinventarem. Se eventualmente este ano for dado por perdido, nós vamos conseguir ajustar. Muitos países estão a perder trilhões de dólares, muita gente está ir para o desemprego, mas estes países não vão parar, nos também não vamos parar.

A pior coisa que nos poderia acontecer é ser acusados pelo mundo e pela posteridade de termos sido imprudentes no tratamento desta situação. O que é que nós colocamos em primeiro lugar, o que é que nós colocamos como prioridade?

Essa, para mim, é a minha grande questão. Reinventarmos nós vamos reinventar. A minha perspectiva continua a ser esta, vamos colocar a questão sanitária, obviamente sem fechar os olhos a todas as outras questões.

É por isso que eu digo que não sou completamente taxativo, mesmo em relação ao ensino superior. A minha faculdade de ciências de saúde já tem um plano para retomar as aulas em agosto, mas nós não iremos avançar sem termos a certeza absoluta que isso não vai por em causa a saúde de nossos estudantes e de tudo resto que envolve os estudantes. 

A minha posição é muito forte, é muito veemente. É veemente no que concerne a nós preservarmos a saúde de nossos estudantes. É veemente no sentido de que nós podemos recuperar desta situação, mesmo que o ano esteja perdido. Mas não fecho a possibilidade de que as instituições, individualmente, com todas as cautelas tomadas puderem, eventualmente, avançarem nessa retoma. Mas o risco é enorme, porque aquilo que nós sabemos é que não podemos pensar na escola como unicamente sala de aulas, por exemplo na Unilúrio temos campus em Nampula, em Pemba e Lichinga. E temos dormitórios... Os nossos dormitórios, os quartos, são 2X4 metros e posso assegurar que na sala de aulas consigo o distanciamento social. E como é que consigo o distanciamento social no dormitório? Então, são esses aspectos colaterais à sala de aulas que eu penso que devemos ter em atenção.

O que eu sinto é que quando se fala na retoma da actividade lectiva, a maior parte das pessoas parece estar a se concentrar na sala de aula, nós sabemos que a escola é muito mais do que a sala de aula.

Isto quer dizer que o ensino online, o ensino à distância que algumas escolas e algumas universidades têm estado a implementar não está a funcionar, portanto, não se pode considerar que o que está a ser feito, no ensino a distância e no ensino online conta para aprovação ou reprovação neste ano?

O ensino online faz parte dessas mudanças bruscas, que nós estamos a assistir no mundo e em Moçambique em particular. O ensino online não é só te sentares em frente ao computador e o professor estar lá a mandar-te as lições. O ensino online é muito mais do que isso, há um conceito, há uma filosofia por detrás, há uma metodologia por detrás, e o que acontece é que muitos dos nossos professores, muitos dos nossos estudantes e muitos dos nossos gestores não estavam preparados para o ensino online. Isto foi de um momento para o outro.

Muito dos nossos estudantes não têm acesso aos dispositivos electrónicos. Nós aqui no norte do país temos dificuldades tremendas em relação a colectividade, o acesso e a qualidade de internet. Tenho recebido os relatórios semanais dos professores e das faculdades e nós temos situações em que 60 por cento dos nosso estudantes não têm acesso à aula. Portanto, o ensino online não está ainda a resultar. É verdade que o ensino online como toda comunicação online veio para ficar. O que a COVID está a fazer é acelerar todos esses processos e, claramente, nós constatámos isso no Conselho de Ensino Superior. Estamos com muitos problemas, não podemos dar como garantido, que o que foi feito no ensino online deve ser uma referência definitiva para avaliar o estudante. É por isso, que estão a ser definidos planos de recuperação para garantir, por exemplo, imagine universidades como as nossas que são muitas técnicas, 80 por cento dos conteúdos , são práticos, são laboratoriais,  então essas aulas não se ensinam online, essas aulas terão que ser em presença, portanto, em algum momento nós vamos ter que ter os estudantes lá, em algum momento a avaliação terá que ser em presença, e não temos como fugir a isso, é verdade que nalgumas cadeiras teóricas é possível  pensar nalguma avaliação online, mas a avaliação realmente, tendo em conta as condições em que os nossos estudantes e professores se encontram terá que ser necessariamente presencial, porque estaríamos a cometer uma série de injustiças, só para fazermos relatórios e dizer que este passou e que este não passou, é por isso que eu digo que se tivermos que perder o ano, eu sei que é muito difícil fazer uma afirmação categórica como esta...

Eu estive mais de 15 anos no sector privado, como se referiu e em cargos de gestão e sei o que significa uma paragem para o sector privado, é uma questão extremamente complexa é uma situação extremamente lesiva, eu nem sei ainda como é que algumas dessas instituições estão a funcionar, porque como nós sabemos elas dependem da propina que é paga pelo estudante e é uma situação muito complicada, mas eu continuo a dizer que o nosso maior valor é a vida e nós com a vida vamos recuperar e vamos fazer reacertos que tivermos que fazer. Eu dei o exemplo do Japão, podia dar outros exemplos que é um país que ficou totalmente destruído e 20 anos depois estava com os indicadores de um país que estava a desenvolver e hoje está aí.

Há, nisto tudo, a questão das propinas. Muitas instituições de ensino continuam a usar o ensino a distância e sistema online para fazer chegar o conhecimento, há uma grande discussão sobretudo porque o Governo neste caso não  regula a discussão. Os tribunais não estão a decidir e dizem que este é um tema da esfera civil entre os pais, encarregados de educação e as escolas. Recentemente a Escola Internacional Willow, que é uma escola baseada nas cidades de Maputo e da Matola, chegou a um acordo extra judicial de um desconto de 50 por cento. Sabemos que há outras escolas que estão em tribunais por conta da acção movida pelos pais e encarregados de educação. Neste quadro todo, de quarto mês de Estado de Emergência, sem uma clareza do que vai acontecer pela frente, como é que este tema da gestão das propinas deve ser entendido, considerando a necessidade da sobrevivência das instituições de ensino mas também considerando todos desafios que levantou aqui em relação ao sistema online?

O homem tem sido avaliado ou auto-classifica-se como um ser racional que detém a inteligência. Eu penso que numa situação como esta, o que deve prevalecer é o bom senso. Tem que ser o bom senso em relação a todas as partes envolvidas. Primeiro porque esta situação apanhou-nos a todos desprevenidos. De um dia para o outro nós entramos numa coisa chamada nova normalidade, se nós formos a ver é uma nova anormalidade porque tudo na nossa vida mudou. Nós vamos andar com máscara durante muito tempo, vamos ficar em distanciamento social durante muito tempo, vamos estar fixados na questão de higienização durante muito tempo e se não for este vírus, serão outros que virão. Este é o primeiro especto. O segundo aspecto, é preciso que as pessoas entendam que a propina não é só pagar aquela relação entre professor e estudante a propina sobretudo no privado é para sustentar a instituição toda, o privado não tem outros recursos senão a propina é por isso que há muitas vezes esses equívocos que dizem que o estudante é o patrão. Isso é um equívoco, o estudante paga para ter um ensino de qualidade, só que o ensino não é só a sala de aula, o ensino é o laboratório, o ensino é água e luz, o ensino são os funcionários, o ensino são os encargos que as instituições têm e, depois, não nos esqueçamos que hoje, por causa dos problemas que a sociedade tem, a escola tem um papel educativo cada vez mais essencial. Então significa que há muito trabalho que é feito na escola, que vai para além da sala de aula.

Então, num caso como este, eu penso que tem que pairar o bom senso. Nós na Universidade Lúrio temos o pós-laboral, temos uma unidade que é a UniLúrio Business School, que funciona com as propinas dos estudantes. Mas nós acautelámos, de facto, para que não entrássemos neste jogo de termos irredutíveis a negociação com estudante por causa da situação que eles estavam a receber as aulas, porque as aulas que estão a receber não é na quantidade, nem na qualidade, nem no formato que está no contrato.

Quando estudante começou o ano lectivo, ele começou com um contrato que as aulas são presenciais e esse contrato mudou, mas esse contrato que mudou não é por culpa da escola, ou das instituições mudou porque houve um factor que escapou a todos nós, que fez com isso mudasse e todos nós nesse processo somos vítimas, é por isso que eu digo que é importante que as pessoas apelem ao bom sendo, é importante que o bom senso das pessoas venham ao de cima e que todos saibamos que nesta coisa da pandemia, todos nós estamos a perder, ninguém está a ganhar aqui, quando dei o exemplo das guerras é porque esta é uma situação catastrófica e altamente destrutível, e quando estamos numa situação desta natureza, as pessoas tem que se unir. 

Nós estamos, muitas vezes, a querer colocar a culpa no Governo, esta é uma questão que ultrapassa o próprio Governo. O governo tem que tomar decisões é verdade, mas isto tem responsabilidades individuais, têm responsabilidades sociais, responsabilidade organizacionais, tem responsabilidades colectivas. Então, se não houver um bom senso e não olharmos para isso, como um problema que afecta a todos, dificilmente sairemos da situação.

Estivemos a assistir os últimos 15, 25 anos, 30 anos na União Europeia, aparecia como modelo de um bloco de países que se relacionavam e que construíam conjuntamente o seu futuro, e a União Europeia não esteve muito bem. Vimos uma tensão entre países mais fortes como Alemanha e a França, que se opuseram a outros países que não tinham a sua dimensão económica, como a Itália, a Espanha e Portugal. Mas hoje eles fazem um exercício de consciência e percebem que estavam a cometer um erro, e aquilo tem que ser um exemplo para nós, nós como sociedade temos que funcionar como um bloco, temos que deixar de imputar a responsabilidade aos outros e cada um de nós assumir a responsabilidade. Nós vimos que, mensalmente, o Presidente da República vem aos poucos agravando e nos apresentando constatações de que nós não estamos a melhorar, em termos de responsabilidade, prevenção. Então, significa que não podemos imputar culpas a A,B ou C. Todos nós estamos a perder com a COVID. Todos nós e ninguém está a ganhar.

 

sábado, 20 de junho de 2020

Carta Aberta Para Profeta Joel Williams




De Gustava Lazaro Cambula

 Espero que esteja a gozar de boa saúde e feliz pela sua inocência

   Vou usar aqui a linguagem mais simples para que possa entender já que entende mais inglês do que português

Primeiro vou falar da sua prisão: certa vez o povo de Israel quis ter um rei para si,   claro como os demais povos ao seu redor. Até então o seu rei era próprio Deus, uma teocracia mediada através de profetas e juízes, porém nos dias do profeta Samuel o povo foi persuadido por suas lideranças e entenderam que precisavam de um representante...  foi assim que, sobre o aval do profeta Samuel,  saul foi alçado ao poder, ele era perfeito pela aparência e inspirador,  mas com o passar do tempo o déspota começou a revelar o que trazia em seu coração e pouco a pouco foi se afastando daquilo que era mais precioso para Deus. O ápice do desgosto o acto de desobedecer uma orientação Clara de Deus e usurpar o lugar do Profeta.  A prepotência e arrogância fruto da insegurança que dominava seu coração, o faziam preferir sacrificar a ter que obedecer, demonstrando o quanto não havia entendido o desejo de Deus para seu povo,   portanto diante dos actos Claros de desobediência praticado por saul Deus o fez cair. Deus olha para o coração e não para a sua aparência Joe 

 Você está preocupado com sua imagem, movendo-se por desespero e  revelando todo o medo que domina o seu coração
Peço que a sua prisão seja a vontade de Deus para que aprenda a usar o nome dele para coisas boas e não para blasfémias 

 Joe não é o nosso dinheiro que nos torna gente, mas é a convivência e Respeito pois diante de Deus que o Senhor tanto fala somos todos iguais
Não sou cristão ou crente mas leio a Bíblia e como outros livros e acredito na existência de Um ser superior criador,  afinal o mundo permetiu que eu tivesse outra visão instruída de uma sociedade global, com isso permita que o diga, você não é nenhum profeta e nem um pastor, Porque segundo a própria bíblia Jesus teria dito o seguinte: " não acumuleis riquezas na terra. Satanás e o deus... deste século" , o verdadeiro evangelho aborrece o mundo por que fala de arrependimento e foi por isso que o João, Bartolomeu, Estevão, Mateus e etc foram mortos

 O nosso estado é laico. Sendo Natural no campo religioso, neste caso não apoia e nem descrimina nenhuma religião. Por isso a liberdade de crenças religiosas têm permitido ao país a entrada de falsos profetas que a  todo custo sugam Os mais fracos emocionalmente e infelizmente William vejo você nessa lista dos falsos 

Tento procurar  seu posicionamento na sociedade, ou pastor, profeta ou mesmo como um empresário mas simplesmente não consigo acha-lo nesses lugares mas enfim deixo esse critério para os cegos, doutrinados e gado que vem seguindo você joe!!! 

Sobre o caso que o colocou na prisão,  eu acho que o senhor devia calar e evitar comentar sobre esse assunto,  ao invés de andar aos gritos enchendo a boca só porque a justiça esteve do seu lado, dá raiva até quando o senhor fala que " justiça moçambicana é 
 verdadeira ..." joe deixa o dizer que esse seu charlatismo só serve para os cegos, lambe-botas e companhia limitada 
Desde quando a justiça em Moçambique funciona para os pobres???  Se assim fosse hoje teríamos às cadeias lotadas de gente grande,  falo até  de gente que delapidadaram a economia deste pobre país

Tudo bem que o beleza em pessoa pode ter sido usado como isca para pescar o senhor,  sabe porque?  Eles viram no senhor, o interesse em eliminar o beleza em pessoa, até porque o senhor fez um vídeo no Instagram n qual manifestava algum interesse nesse assunto,  quando você disse,  "beleza em pessoa cuidado porque eu te persigo..." só isso constituí crime de ameaça e, as autoridades podiam ter ligado os factos, agora quando vejo você vir a todo custo enaltecer a justiça isso abre entre aspas meu caro,  só quem é verdadeiro filho deste país sabe como isso funciona, mas de qualquer modo está de parabéns 

Hoje você fala do Fred jossias e eu pergunto o senhor,  quando você andava atrás dele para te tornar famoso não via essas falsas e péssimas qualidades profissionais? Ou pensava que ele ia ser lambinha como os outros.  Você mesmo disse que estava a fazer o show biz então já  sabe qual é o preço disso, pediu para ser Estela do charlatanismo e aguenta com isso,  já sabe qual é o preço das celebridades, logo devia entender o trabalho do Fred, mas como neste país as pessoas não estão  a costumado com as verdades mas sim com gente que lambe, fred é um tipo que fala as verdades não importa se é amigo ou não, e como ele existe até nos EUA onde o senhor viveu

Joe você como pastor ou profeta é uma lástima, eu nunca vi o senhor fazendo digressão pelas tv's para falar ou discutir assuntos ligados à Deus, Jesus ou qualquer quem seja da Bíblia apenas vejo o senhor fazendo teatro infantil, insultando e falando asneiras
Ou talvez queira nos dizer que a Bíblia deve ser atualizada, para poder falar tambem dos profetas sweggers, que exibem luxúria e etc 

Joe longe de mim ter inveja do que você possui pois é fruto do seu sacrifício, o que eu não aceito é que use a palavra de Deus para dizer que aquilo que você possui é motivo de inspiração para muitos jovens moçambicanos, será que os jovens deste país precisam de uma inspiração que transmite luxúria e swegger?
E os mandamentos bíblicos quem os vai ensinar,  se você mesmo convida os seus seguidores a ser materialistas 

A propósito, já fez entrega dos carros vitz's às jogadoras de baskete?
E como vai o projecto da universidade William?

Orgulho Moz ©️ 2020

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Amanhã… Mais uma Festa da Música do Franco-Moçambicano



Pelo oitavo ano consecutivo, o Centro Cultural Franco-Moçambicano realiza a Festa da Música, evento marcado para este sábado, entre 15h20 e 21h, nas suas plataformas online: Facebook e YouTube.

Ao contrário do que tem acontecido até aqui, o evento, desta vez, não contará com presença do público, devido à COVID-19. Ainda assim, a música vai chegar às pessoas e às famílias, pois, com ou sem crise, segundo o Director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, mantém-se o compromisso da instituição em apoiar as artes nacionais: “Este ano, a edição da Festa da Música será um pouco particular, porque não será possível realizar espectáculos com a presença das pessoas no Franco, como vinha acontecendo. Assim, decidimos optar numa edição online. Esta é uma maneira de continuarmos a apoiar os artistas moçambicanos e a cena cultural de Moçambique, porque, com esta crise da COVID-19, os artistas têm poucas possibilidades de fazer a sua arte. Do lado do Centro Cultural Franco-Moçambicano, esta é uma maneira de continuar a dar uma oportunidade aos artistas moçambicanos”, afirmou Vincent Frontczyk.

Entre as actuações da oitava edição da Festa da Música irá ouvir-se uma peça vocal criada por Lenna Bahule. A acompanhar a artista, estarão outras duas cantoras, nomeadamente, Beauty Sitoe e Tégui. Na verdade, a experiência que será levada ao evento do Franco é algo em construção. Por isso, longe de estar acabado. Argumenta Lenna Bahule: “Achei interessente criar uma peça vocal, algo que vinha pensando há algum tempo e cujo tema  faz parte do meu campo de pesquisa. A peça será apresentada em forma de esboço, longe do que será a composição final”.

Para a demonstração de 25 minutos, intitulada “En-cantos de ori-gene”, Lenna Bahule convidou Beauty Sitoe e Tégui porque, na sua percepção, ambas são cantoras que estão a propor ideias interessantes em termos estéticos e performativos. “Elas estão a propor-nos novas coisas”.

Além da peça vocal, na Festa da Música que vai começar às 15h20 (termina às 21h), com Melita Matsinhe, não vai faltar Chico António, Jazz Network (com Walter Mabas, Hélder Gonzaga, Tony Paco e Muzila), Iron br11 e Os Elementos, Sick Brain, Granmah e o projecto Dumbanengue Boyz (com Fresh Nunas e Ricardo Pinto Jorge). Ao todo, serão oito concertos consecutivos com 30 minutos de duração, em média.  

A Festa da Música, lembra o CCFM, é uma grande festa popular que existe em França há aproximadamente 40 anos. “A sua realização na cidade de Maputo instalou-se desde 2013 como um evento anual, adaptado ao contexto local e proporcionando ao público moçambicano um evento de carácter popular, de acesso gratuito, com uma grande variedade de estilos musicais”.

A presente edição acontece graças ao apoio da Total Moçambique, Tv Cabo, STV, Água da Namaacha e demais parceiros.

Em O País 

Orgulho Moz ©️ 2020

Junta Militar da Renamo rapta e mata director de uma escola



A Polícia da República de Moçambique convocou a imprensa, na manhã desta sexta-feira, para anunciar que em meados de Maio passado, homens armados, apontados como elementos da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderados na altura por André Matsangaissa Júnior (sobrinho de André Matsangaissa, Fundador  e primeiro comandante em chefe da Renamo), raptaram na sua residência o  director da Escola Primaria de Marrongamisse-II, localizada na localidade de Grudja, distrito do Búzi, em Sofala.

"As ossadas do director da EPC de Marrongamisse-II, que em vida respondia pelo nome Calisto Zacarias, vieram a ser encontradas no dia 14 deste mês, na zona de Chizizira, na mesma localidade, há menos de 10 quilómetros do local onde o cidadão em causa foi raptado. No mesmo local foi encontrado uma pasta contendo a documentação da vítima", explicou Daniel Macuácua, porta-voz da PRM em Sofala.

Mas como é que a polícia tem certeza que as ossadas encontradas pertencem ao cidadão em causa? "Não há nenhuma dúvida para nós. Aliás num trabalho multi-sectorial, com a saúde e os peritos da SERNIC, de forma conclusiva iremos ter esta resposta que as ossadas pertence efectivamente ao senhor Calisto Zacarias, raptado pela auto-intitulada  Junta Militar da Renamo".

Na mesma conferência de imprensa a polícia anunciou igualmente que a auto-procamada Junta Militar da Renamo tem estado a atacar pessoas civis e a destruir infra-estruturas do Estado.

"A título de exemplo, no passado dia 10 deste mês, na localidade de Chiadeia, no distrito de Nhamatanda, com recurso a armas de fogo do tipo AKM, os homens armados da Renamo saquearam vários fármacos, ameaçaram aos profissionais de saúde  e roubaram os seus pertences e depois incendiaram as infra-estruturas onde funcionavam o referido centro".

Estes pronunciamentos da polícia surge 24 horas após a Renamo, através do seu Secretário-Geral, André Magibire, ter denunciado a ocorrência de raptos e assassinatos de quadros do seu partido, incluindo combatentes da perdiz que estão a ser desmobilizados, nos distritos de Nhamatanda, Búzi, Gorongosa e Dondo.  

Em O País 

Orgulho Moz ©️ 2020

Eduardo Mondlane pode ter sido o maior líder nacionalista em África



Pedro Borges Graça é professor na Universidade de Lisboa, onde Eduardo Mondlane estudou entre 1950 a 51. Foi o primeiro académico a escrever uma biografia do nacionalista moçambicano e seguido o seu percurso académico, tal o permite afirmar que em África pode não ter existido um líder nacionalista maior que Eduardo Chivambo Mondlane.

 

Pelo estudo que o senhor Pedro Graça fez e de tudo que viu e leu sobre Eduardo Mondlane, o que se pode dizer sobre esta figura?

Eu acho que Eduardo Mondlane foi um dos maiores líderes nacionalistas africanos. Não sei até se não terá sido o maior de todos, porque o percurso dele é absolutamente extraordinário e não tem correspondência nos países de língua inglesa e francesa. Como se pode ver, ele era um miúdo de 12, 13 anos que andava lá a pastar as cabras, lá no meio do mato e depois tem um processo absolutamente extraordinário, fez doutoramento, coisa que nenhum dos outros líderes têm. Líderes actuantes, que depois vão para a luta anticolonialista. Há uns líderes que escreveram um livro, mas ele era fundamentalmente um académico e seguiu sempre o sonho de ser professor e tem uma densidade de produção académica sem igual, foi o que eu encontrei naquilo que eu investiguei e que escrevi, também. Mais tarde ele quer ser professor universitário e na verdade o destino empura-o para ser um líder nacionalista, ele só muito tarde toma a decisão de se empenhar na luta depois de uma visita que fez a Moçambique em 1961. Essa visita é completamente fundamental, estava já há dez anos que não visitava a sua terra, aliás, há uma fotografia dele que eu publico, está emocionado a chegar, já muita gente estava à espera dele. Eu acho que essa visita foi fundamental para a mudança de atitude, porque quando ele volta da visita ele acaba por ter um percurso que começa a fazer uma crítica ao colonialismo português e a assumir uma posição de destaque nessa crítica como moçambicano nos Estados Unidos.


O que terá sido determinante para esta nova abordagem de Eduardo Mondlane após a visita a Moçambique?

Eu acho que foi o contacto com a realidade e presumo, isso agora só se pode presumir, eu pessoalmente não tenho fonte para isso, mas presumo que tenha sido também por grande influência do seu grande amigo Julius Nyerere, depois dele ter estado no terreno, em Moçambique, ter feito uma série de contactos, mais com o grupo de Craveirinha e depois viajou pela província, mas eu julgo que foi por grande influência de Julius Nyerere, independentemente também das influências familiares, da sua própria mulher, eventualmente dos Estados Unidos, das pessoas que começaram a financiar. Eu julgo que quando ele volta para os Estados Unidos, em 1961, depois dessa visita, julgo que também através da Fundação Ford.

 

Olhando para os outros movimentos, por exemplo, em Angola tivemos três movimentos a lutarem, cada um pela independência, mas em Moçambique terá sido determinante este percurso académico dele, os estudos, olhando para a tese de doutoramento, a dissertação de mestrado dele, o estudo sobre a raça, a etnia, a influência que isto tem nos grupos de influência. Terá isto sido determinante na actuação da FRELIMO ou não?

Os movimentos estão muito localizados do ponto de vista étnico e cultural em Angola, e em Moçambique existindo previamente três movimentações, digamos assim, já com alguma organização para se criar movimentos assim repartidos por identidade étnica e cultural, vai potencialmente reunir, por isso é uma frente. Quando nós olhamos para o percurso dele de estudo, ou precisamente para essa formação de Psicologia Social, ele tem perfeita noção das diferenças existentes entre as várias componentes e como ele tem que gerir todas essas componentes para além da própria frente constituída, tem a ver com questões político-ideológicas, ele no fundo tem ali dois problemas para resolver, um que tem a ver com os diferendos étnico-culturais que possam existir e que existiam e outro também com determinados posicionamentos, estou a pensar desde logo no grupo de Marcelino dos Santos que tinham umas influências nitidamente machistas e ele não era estruturalmente marxista, nunca foi.

 

Até que ponto a formação dele terá sido determinante para garantir que o movimento não fraturasse, tendo em conta as várias crises derivadas de diferenças ideológica, rácicas e étnicas?

E o seu próprio carácter, não vamos só ter em conta influências do meio académico americano, porque é uma parte, faz parte do seu percurso. Ele mesmo no meio académico americano distinguiu-se. As pessoas com quem eu falei, que o conheceram pessoalmente, diziam que ele distinguia-se em qualquer sítio, entre brancos e negros, não interessava, ele distinguia-se logo pelo seu carácter e pela sua personalidade e pela sua diferença. Por exemplo, do perfil dele, um bibliotecário da Universidade de Northwestern, que dizia que ele era completamente diferente dos outros homens, independentemente da raça, porque passeava, naqueles anos 50, com o carrinho de bebé pelas estradas, coisa que não se via mais nenhum homem a fazer. Portanto, ele ia todo contente a passear ao carrinho de bebé com o seu filho, era o primeiro, Eduardo, que era uma pessoa que falava alto, exuberante e que era completamente diferente, se distinguia de outros africanos e americanos.
Quando nós estudamos um pouco mais a fundo o percurso dele, vemos que esse carisma, que ele efectivamente tinha, e que nem todos os líderes têm, esse carisma nato que tinha Eduardo Mondlane está desde logo manifestado quando ele passa da adolescência à idade adulta, começa a ter responsabilidades na organização e ensino dos grupos na igreja a que ele pertencia, e continuou sempre com imposições de liderança ao seu nível etário na organização dos grupos na igreja.

 

O facto da frente ter se sediado na Tanzânia foi uma obra do acaso ou Eduardo Mondlane teve algum papel nisso ou os grupos anteriores tiveram um papel nisso?

Não, foi Eduardo Mondlane. Portanto, Eduardo Mondlane com conhecimento pessoal que tinha com Nyerere. Por isso é que eu estava a dizer que foi uma confluência de movimentos organizativos, porque sem isso a FRELIMO não tinha essa capacidade, os outros grupos não tinham. A relação com Nyerere foi muito forte, desde logo nos Estados Unidos, quando Nyerere ainda não era Presidente e que se apresentou às Nações Unidas como peticionário, nessa altura Eduardo Mondlane já trabalhava na divisão que ouvia os peticionários nas Nações Unidas, e é isso que fez com que criassem uma grande amizade e logo uma grande sintonia entre Julius Nyerere e Eduardo Mondlane. Eu digo-lhe uma coisa, no futuro, quando houver a publicação da correspondência de Eduardo Mondlane com a Janet Mondlane, e são milhares de cartas, acho que muitas dessas questões ficam esclarecidas. Essas cartas até hoje nunca foram publicadas e aí está uma história, aliás, são cartas, ao que eu soube na altura, quando soube da existência dessa correspondência, são cartas que até têm comentários sobre os próprios líderes, na altura, da FRELIMO. Um dia será interessante historicamente ter acesso à toda essa correspondência, que não seja filtrada, que seja real e que não seja censurada, digamos assim, e nós poderemos compreender muitas das divergências, porque a FRELIMO teve sempre conflitos internos e com assassinatos internos...

 

Há uma pergunta que quase sempre os moçambicanos fazem, se Eduardo Mondlane tivesse proclamado a independência, será que Moçambique teria tomado o mesmo rumo, tendo em conta a sua visão?

Eu estou convencido que com Eduardo Mondlane, com a formação que ele tinha, com o entendimento, quer da política e a sociedade, e os problemas socioculturais, que seria diferente daquilo que aconteceu a seguir à independência e que nos tempos que correm ressurgem certos aspectos que tem a ver com esses problemas que ainda estão pendentes, que já não são político-ideológicos claramente definidos com fracturas marxistas e leninistas, mas muitas às vezes com elementos de carácter étnico-cultural que ninguém gosta de falar.

Em O País 

Orgulho Moz ©️ 2020



quinta-feira, 18 de junho de 2020

Crowd1 E A Minha Experiência: "Por Elísio De Sousa"




▪️Um Conselho aos Jovens Iguais a Mim Enquanto Jovem

Crowd1 é um de muitos aplicativos de negócios digitais que ofereceu oportunidade das pessoas facilmente enriquecerem. Pelo menos essa é a propaganda que se fez. Hoje, descobrimos que não passou de uma de muitas burlas inventadas por pessoas que perderam o seu tempo a estudar como explorar bens alheios. 

Apesar de lamentar por todos que perderam as suas economias nesta burla, tenho que dar mérito as pessoas que a inventaram e impulsionaram, porque estas sim, enriqueceram de verdade. 

Este artigo, não se dedica a analisar propriamente a burla do Crowd1 como tal, mas sim tentar inspirar os jovens, meus compatriotas, a poder ver as suas vidas melhorarem sem ter de se arriscar em “negócios-da-china”. 

Quando eu publiquei a história do meu percurso (no meu último post), senti o calor da aprovação de muitos dos que tiveram acesso, onde outros ainda se sentiram identificados e, de certo modo, inspirados na minha história (desde já agradeço). 

Na verdade a minha história não é de sucesso mas apenas uma singela história de luta. Uma luta diária, constante e incessante. Eu aprendi que a vida não é fácil para ninguém, principalmente para pessoas como eu que não vieram de berços de ouro. Quem me viu aos 20/25 anos de idade, certamente hoje não me reconhece. Não porque melhorei, mas apenas porque mudei. Para mim esse é que é o segredo da vida. A capacidade de mudar!

Charles Darwin já dizia que só os mais fortes é que sobrevivem. Ser mais forte não se vê pela musculatura mas sim pela capacidade de mudança. A isso se chama resiliência. 

Pessoalmente, fui capaz de mudar de uma carreira bastante promissora (MP) para começar tudo de novo. Do absoluto zero. No processo de mudança de carreira, houve um episódio que jamais me esquecerei.  Com 3 filhos por alimentar, não tinha comida para eles. Já tinha um toyotinha velhusco, mas não tinha combustível para pôr ou andava constantemente avariado. Desta forma, era eu obrigado a sair de Boane para a Maputo de chapa-100 ou de Machimbombo nos dias de sorte. Foram tempos amargos para quem tinha estudado o bastante para ter um emprego estável. Mas não foi o meu caso. Lembro-me ainda que fui visitar a minha mãezinha num desses dias e tendo ela visto a minha cara de fome, convidou-me a visitar a sua geleira e de lá tirar algumas frutas, legumes e um pouco de peixe para poder me alimentar naquela semana. Vejam só, voltei a pedir comida a minha mãe mesmo depois de 6 anos de trabalhador assalariado. Uma vergonha. Mas era uma vergonha necessária. Era um mal que eu tinha de enfrentar pela minha ousadia da mudança. Mesmo sofrendo, insisti que não voltaria atrás porque era o caminho que eu havia escolhido, portanto, a cruz que eu deveria carregar. E carreguei. 

Dando aulas aqui e ali (todo docente sabe que salário de docente não dá para quase nada) batendo portas ali e acolá, falando com este e com aquele a minha vida melhorou. Os meus filhos já comiam e o pai voltou a ter combustível. Quando dei por mim, senti que afinal aquele sofrimento justificava-se. Deus reservava muitas surpresas. 

Confesso que os livros que escrevi, que agora já vou no oitavo, não me deram dinheiro algum (quem publica livros sabe do que falo). Mas todos aqueles livros foram, na verdade a minha escola da vida. Foi na preparação deles que eu tive que ler muitos outros e todos eles, cada um deles (livros), me ensinava alguma coisa. Mesmo que fosse apenas uma única linha que me lembrasse, mas ficava uma lembrança ou lição indelével. Graças a eles pude ver a vida numa perspectiva nunca antes vista. Alguns livros viajavam comigo para o passado, outros devolviam-me ao presente, e outros ainda teletransportavam-me ao futuro. Foi nesta senda que consegui adquirir a capacidade de prever muitas coisas muito antes delas sequer acontecerem. Não é dádiva divina mas apenas ensinamentos dos outros. 

ONDE ENTRA A CROWN1 NISSO?

Para quem tivesse o cuidado de ler e investigar, certamente que veria rapidamente que esse aplicativo financeiro tratar-se-ia de mais um jogo de Burla. Não é de hoje. As burlas não acabam e não existem almoços grátis. Os burlões mudam de tática mas não eliminam a ambição, disso já Samora nos tinha alertado. 

Jovem, compatriota e amigo, aprenda uma coisa: 
A vida não é fácil. 

Ninguém nos vai oferecer dinheiro sem nos exigir algo gravoso em troca. Promessa de dinheiro fácil é sempre trapaça. Se o dinheiro fosse assim tão fácil, não existiria gente pobre. Não quero com isso dizer que ser pobre é sinónimo de absentismo ou preguiça. Muitos o são por falta de oportunidades, contudo as oportunidades não nos aparecem. Nós é que temos de ir lá buscar. 

Por causa da Covid-19, não posso aconselhar ninguém a sair de casa, mas se não fosse isso eu diria: “sai de casa  agora e vai a rua procurar oportunidades”. Porém, nada obsta que eu sugira: “sai do Facebook e entra no Google”. Veja se há qualquer coisa para ti ou que possas vender pelas redes sociais. Tenta ser empreendedor, cria a tua marca e faça diferente. Ninguém obtém resultados diferentes fazendo a mesma coisa. Investiga, inspira-te e vai a luta. Manda passear esses Crown1 e etc. Faça tu o teu Crown2, 3 ou 4, basta que não cometas qualquer crime, verás que ser rico ou bem sucedido não é dádiva alheia. 

Há dias circulava uma mensagem jocosa dizendo que se não tens familiares no governo, município e sei lá mais aonde não és ninguém. Isso é pura mentira. Tu podes fazer a diferença! Seja tu a estar no topo e deixe que sejam os outros a orgulhar-se de fazerem parte da tua família ou do teu rol de amigos ou conhecidos. É assim que devemos pensar. Luta e esperança. 

Pense grande. Olha para ti daqui a 10 ou 20 anos. Não faças mal a ninguém mesmo que essa pessoa esteja errada. Nunca sabes quando é que os vossos destinos ir-se-ão cruzar. Este mundo parece grande e esta vida parece infinita, mas não. Longe disso. 

Quando menos esperares, aqueles que insultaste nas redes sociais pode ser a única pessoa que te possa dar a chave de uma porta enorme. 

A vida é um sopro.