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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Crowd1 E A Minha Experiência: "Por Elísio De Sousa"




▪️Um Conselho aos Jovens Iguais a Mim Enquanto Jovem

Crowd1 é um de muitos aplicativos de negócios digitais que ofereceu oportunidade das pessoas facilmente enriquecerem. Pelo menos essa é a propaganda que se fez. Hoje, descobrimos que não passou de uma de muitas burlas inventadas por pessoas que perderam o seu tempo a estudar como explorar bens alheios. 

Apesar de lamentar por todos que perderam as suas economias nesta burla, tenho que dar mérito as pessoas que a inventaram e impulsionaram, porque estas sim, enriqueceram de verdade. 

Este artigo, não se dedica a analisar propriamente a burla do Crowd1 como tal, mas sim tentar inspirar os jovens, meus compatriotas, a poder ver as suas vidas melhorarem sem ter de se arriscar em “negócios-da-china”. 

Quando eu publiquei a história do meu percurso (no meu último post), senti o calor da aprovação de muitos dos que tiveram acesso, onde outros ainda se sentiram identificados e, de certo modo, inspirados na minha história (desde já agradeço). 

Na verdade a minha história não é de sucesso mas apenas uma singela história de luta. Uma luta diária, constante e incessante. Eu aprendi que a vida não é fácil para ninguém, principalmente para pessoas como eu que não vieram de berços de ouro. Quem me viu aos 20/25 anos de idade, certamente hoje não me reconhece. Não porque melhorei, mas apenas porque mudei. Para mim esse é que é o segredo da vida. A capacidade de mudar!

Charles Darwin já dizia que só os mais fortes é que sobrevivem. Ser mais forte não se vê pela musculatura mas sim pela capacidade de mudança. A isso se chama resiliência. 

Pessoalmente, fui capaz de mudar de uma carreira bastante promissora (MP) para começar tudo de novo. Do absoluto zero. No processo de mudança de carreira, houve um episódio que jamais me esquecerei.  Com 3 filhos por alimentar, não tinha comida para eles. Já tinha um toyotinha velhusco, mas não tinha combustível para pôr ou andava constantemente avariado. Desta forma, era eu obrigado a sair de Boane para a Maputo de chapa-100 ou de Machimbombo nos dias de sorte. Foram tempos amargos para quem tinha estudado o bastante para ter um emprego estável. Mas não foi o meu caso. Lembro-me ainda que fui visitar a minha mãezinha num desses dias e tendo ela visto a minha cara de fome, convidou-me a visitar a sua geleira e de lá tirar algumas frutas, legumes e um pouco de peixe para poder me alimentar naquela semana. Vejam só, voltei a pedir comida a minha mãe mesmo depois de 6 anos de trabalhador assalariado. Uma vergonha. Mas era uma vergonha necessária. Era um mal que eu tinha de enfrentar pela minha ousadia da mudança. Mesmo sofrendo, insisti que não voltaria atrás porque era o caminho que eu havia escolhido, portanto, a cruz que eu deveria carregar. E carreguei. 

Dando aulas aqui e ali (todo docente sabe que salário de docente não dá para quase nada) batendo portas ali e acolá, falando com este e com aquele a minha vida melhorou. Os meus filhos já comiam e o pai voltou a ter combustível. Quando dei por mim, senti que afinal aquele sofrimento justificava-se. Deus reservava muitas surpresas. 

Confesso que os livros que escrevi, que agora já vou no oitavo, não me deram dinheiro algum (quem publica livros sabe do que falo). Mas todos aqueles livros foram, na verdade a minha escola da vida. Foi na preparação deles que eu tive que ler muitos outros e todos eles, cada um deles (livros), me ensinava alguma coisa. Mesmo que fosse apenas uma única linha que me lembrasse, mas ficava uma lembrança ou lição indelével. Graças a eles pude ver a vida numa perspectiva nunca antes vista. Alguns livros viajavam comigo para o passado, outros devolviam-me ao presente, e outros ainda teletransportavam-me ao futuro. Foi nesta senda que consegui adquirir a capacidade de prever muitas coisas muito antes delas sequer acontecerem. Não é dádiva divina mas apenas ensinamentos dos outros. 

ONDE ENTRA A CROWN1 NISSO?

Para quem tivesse o cuidado de ler e investigar, certamente que veria rapidamente que esse aplicativo financeiro tratar-se-ia de mais um jogo de Burla. Não é de hoje. As burlas não acabam e não existem almoços grátis. Os burlões mudam de tática mas não eliminam a ambição, disso já Samora nos tinha alertado. 

Jovem, compatriota e amigo, aprenda uma coisa: 
A vida não é fácil. 

Ninguém nos vai oferecer dinheiro sem nos exigir algo gravoso em troca. Promessa de dinheiro fácil é sempre trapaça. Se o dinheiro fosse assim tão fácil, não existiria gente pobre. Não quero com isso dizer que ser pobre é sinónimo de absentismo ou preguiça. Muitos o são por falta de oportunidades, contudo as oportunidades não nos aparecem. Nós é que temos de ir lá buscar. 

Por causa da Covid-19, não posso aconselhar ninguém a sair de casa, mas se não fosse isso eu diria: “sai de casa  agora e vai a rua procurar oportunidades”. Porém, nada obsta que eu sugira: “sai do Facebook e entra no Google”. Veja se há qualquer coisa para ti ou que possas vender pelas redes sociais. Tenta ser empreendedor, cria a tua marca e faça diferente. Ninguém obtém resultados diferentes fazendo a mesma coisa. Investiga, inspira-te e vai a luta. Manda passear esses Crown1 e etc. Faça tu o teu Crown2, 3 ou 4, basta que não cometas qualquer crime, verás que ser rico ou bem sucedido não é dádiva alheia. 

Há dias circulava uma mensagem jocosa dizendo que se não tens familiares no governo, município e sei lá mais aonde não és ninguém. Isso é pura mentira. Tu podes fazer a diferença! Seja tu a estar no topo e deixe que sejam os outros a orgulhar-se de fazerem parte da tua família ou do teu rol de amigos ou conhecidos. É assim que devemos pensar. Luta e esperança. 

Pense grande. Olha para ti daqui a 10 ou 20 anos. Não faças mal a ninguém mesmo que essa pessoa esteja errada. Nunca sabes quando é que os vossos destinos ir-se-ão cruzar. Este mundo parece grande e esta vida parece infinita, mas não. Longe disso. 

Quando menos esperares, aqueles que insultaste nas redes sociais pode ser a única pessoa que te possa dar a chave de uma porta enorme. 

A vida é um sopro.

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