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domingo, 28 de outubro de 2018

TUDO SOBRE A ILHA DE MOÇAMBIQUE



A Ilha de Moçambique fica localizada na província de Nampula, deu nome ao país e foi sua primeira capital. Contam alguns moçambicanos que este nome é derivado de Mussa Al-Biki, um comerciante árabe que ali chegou no século XI. Algumas pessoas com quem conversei dizem mais: Mussa Al-Biki dominava a ilha quando Vasco da Gama lá chegou, em 1498. Será?


A Ilha tem pequenas dimensões, permitindo que seja explorada em um fim de semana com tranquilidade. Apesar de seu tamanho, guarda construções (ou o que restou delas) que contam a história do país. Graças a riqueza de memórias, foi nomeada nos anos 90 pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade. Para saber um pouquinho mais da ilha, vale à pena conversar com os moradores durante a visita.
Não menos importante: na Ilha encontrei a cerveja mais gelada de todos os lugares que já visitei neste país! Quem conhece Moçambique, sabe… cerveja gelada, daquela que forma um “véu de noiva” como dizemos no Brasil, é artigo raro! Mas a ilha parece ter sido contaminada por essa nossa preferência (ufa!).

Como se virar

Como todo lugar de Moçambique, não dispensa um bom protetor solar e um repelente potente para se proteger dos mosquitos! Além disso, roupas confortáveis, roupas de banho (caso queira dar um mergulho nas águas da baía de Mossuril) e um par de tênis para explorar a ilha a pé. Sim, a pé! São apenas 3 quilômetros de extensão. Vale a pena visitar e registrar cada cantinho da ilha.

Locomoção / Como chegar

Para chegar à ilha a partir de Maputo, não aconselho transporte público pois é bem distante e levará mais de 2 dias. Há voo direto da LAM de Maputo para Nampula todos os dias. De Nampula para a Ilha de Moçambique, são 180 km (aproximadamente 2 horas e meia de carro), a maior parte seguindo pela EN8 em direção à Nacala até visualizar a placa de sinalização que indica a ilha. A sugestão é alugar um carro no aeroporto de Nampula (há uma loja da Europcar lá). De carro, é possível entrar na ilha através de uma ponte que a liga ao continente. A ponte funciona 24 horas e sua travessia custa aproximadamente 75 dólares. Uma vez na ilha, é possível fazer tudo a pé.
Quem estiver na África do Sul, a South African tem vôos direto de Joanesburgo para Nampula.

Onde comer?
Seguindo a dica de amigos que já visitaram a ilha, fui almoçar no Bar da Sara. Ao chegar no local, parecia apenas um trailer que servia cerveja e petiscos. Mas um dos clientes apontou para uma pequena passagem e avisou que o restaurante fica atrás desse trailer. O ambiente é simples, agradável e a comida vale muito a pena! Experimentei a especialidade da casa e comida típica moçambicana – Matapa de siri-siri com arroz de côco (uma espécie de ensopado de folha de mandioca pilada, cozida em molho de amendoim pilado e leite de côco). Delicioso! A melhor matapa que já comi.
Além disso, é possível tomar uma cervejinha gelada, conversar com a Dona Sara – dona do bar que leva seu nome, e observar as meninas trabalhando na cozinha com o rosto coberto de mussiro (creme tradicional para a pele, feito a partir do caule da planta de olax dissitiflora, com propriedade rejuvenescedora de acordo com a crença moçambicana). Enfim, vai além de uma experiência gastronômica.

No início da noite, a dica é o terraço do bar Flôr de Rosa (yes, a ilha tem um rooftop). Ótima opção para drinks, comidinhas, curtir a brisa e ouvir uma música. O bar fica em uma casa antiga, pertinho do hospital. Mas não deixe para ir muito tarde pois apesar de encerrar à meia-noite (coisa rara por aqui), o espaço é pequeno e bastante procurado.

O que fazer?

A ilha é dividida em duas partes: a “cidade de pedra”, parte norte onde encontramos os principais monumentos históricos, e a “cidade de macuti” (tiras de folhas de coqueiro espalmadas), parte sul onde localizam-se as casas de construção mais simples.


Na chamada cidade de pedra:

Palácio de São Paulo – vale muito a pena visitar. A construção já foi colégio jesuíta e, após um incêndio e sua reforma, serviu de casa para o Governador e Capitão-General do Estado de Moçambique à época. Com a transferência da capital para cidade de Maputo (ex-Lourenço Marques), o palácio passou a ser a casa do Governador do Distrito de Moçambique até 1935. Aproximadamente após 20 anos desocupado, o palácio tornou-se a residência do presidente da República Portuguesa e seus ministros quando em visita à colônia.
Até mesmo Samora Machel, um ícone moçambicano, já pernoitou no palácio e por ele foi decretada a sua transformação em museu. A visita ao museu é bem rápida mas vale a pena ouvir as histórias contadas pelos guias que nos acompanham pelo tour, principalmente “aquelas” histórias da realeza. Anexo ao palácio, há uma pequena igreja em estilo barroco – a Igreja de São Paulo, onde ainda são celebrados casamentos. Portanto é bem comum que o palácio seja usado como cenário para fotos dos noivos…


Fortaleza de São Sebastião – erguida entre os séculos XVI e XVII para proteção do território recém-descoberto pelos portugueses, serviu também de apoio às navegações que transitavam entre Lisboa e Goa (percurso conhecido como Carreira da Índia). Por falta de dados históricos sobre sua construção, foi criada uma lenda que diz que a fortaleza não foi obra de homens, mas sim de um fantasma, e assim espalhou-se por toda a província. Para aqueles que curtem fotografia, a visita à fortaleza rende excelentes fotos da costa.

Capela de Nossa Senhora de Baluarte – antes um baluarte artilhado – parte da estratégia defensiva dos portugueses, mais tarde transformado em capela, é a edificação europeia mais antiga do hemisfério sul data de 1522 e fica dentro da Fortaleza de São Sebastião.

Próximo à ilha

Praia de Chocas – pensa em uma praia linda, areia bem branquinha e água do mar de cor indescritível… é a praia de Chocas – pelo continente, são 60 km de distância da ilha. É uma boa opção para fazer dupla com a ilha em uma viagem de 3 dias inteiros. Para ficar: Carrusca (mais rústico, para quem curte praia e um belo prato de lagosta a um valor acessível) ou o Coral Lodge (para quem prefere se hospedar com infraestrutura mais caprichada e está disposto a gastar mais). De qualquer maneira, eu indico a esticada!

Onde se hospedar?

A ilha tem poucas opções de hospedagem (dado seu tamanico), mas é possível pernoitar com charme em um desses dois lugares:
Villa Sands – passei a noite nesta pousada. De cara para o mar, quartos confortáveis, decoração simples, mas com aquele toque europeu, afinal os donos são suecos que se apaixonaram pela ilha quando visitaram pela primeira vez. O café da manhã é servido em um varandão com piscina e vista privilegiada para o Índico. No mesmo espaço, é possível tomar um drink no fim de tarde e ver o pôr do sol inigualável da África (só quem já viu, sabe). Oferecem o serviço de organização para passeios de barco, mergulho e visita guiada à ilha.

Terraço das Quitandas – traduz a mistura Oriente e Europa presente por toda a ilha e por isso vale uma visita mesmo hospedado em outro lugar. Também com vista para o mar, tem um jardim externo lindo e apenas 6 quartos. Oferecem serviço de massagem e passeios guiados pela ilha, além de passeios de lancha à vela (ou “dhow”) até as ilhas de Goa e Sete-paus.

O Escondidinho – simples e confortável, tem 10 quartos (apenas 7 com banheiro privativo) e é uma graça! Fica bem no centrinho da “cidade de pedra” e a 800 metros do Palácio de São Paulo. Também conta com uma piscina, bar/restaurante e oferece serviços de massagem.
Não esqueça! Na saída da ilha, faça um pit stop para uma das fotos mais tiradas por lá (já foi até capa de revista da companhia aérea South African): embaixo da ponte que liga a ilha ao continente, com as águas do Índico como pano de fundo.



Fonte: Se Lança

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